Rotas estratégicas e uso de áreas de mata: facções rivais travam guerra violenta por território no Recôncavo baiano

  • 15/11/2025
Vídeos mostram suspeitos de integrarem facções criminosas fugindo por área de vegetação A região da barragem de "Pedra do Cavalo", em São Félix, no Recôncavo da Bahia, vive momentos de tensão desde terça-feira (11). A disputa de território entre facções rivais assustou moradores da localidade — que conecta a cidade aos municípios de Cachoeira e Muritiba, na mesma região —, e foi seguida por uma operação policial que já provocou a morte de nove suspeitos. Em cidades como São Félix, Cachoeira e Muritiba, a violência se deslocou dos centros urbanos para áreas de mata, zonas rurais e pequenos povoados. Em entrevista ao g1, o pesquisador em Segurança Pública, Saulo Renato, apontou que a região vive um processo acelerado de reorganização das dinâmicas do crime. Esse momento é impulsionado pela expansão de grupos criminosos oriundos de grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, que buscam ocupar territórios antes dominados por organizações locais. 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Conforme a análise de Saulo Renato, as facções passaram a operar com as seguintes características: mantêm raízes comunitárias e controle territorial, mas articulam fluxos financeiros, tecnológicos e logísticos que extrapolam a região. O pesquisador afirmou que a guerra por territórios no Recôncavo possui, principalmente, duas facções: ➡️ Comando Vermelho (CV), em São Félix – organização criminosa criada no Rio de Janeiro, mas fortalecida na Bahia desde meados dos anos 2010, com alianças locais e interesse em áreas estratégicas para escoamento de armas e drogas. ➡️ Bonde do Maluco (BDM), em Cachoeira – de origem baiana e com forte presença em Salvador e região metropolitana, tenta manter o domínio em cidades onde o CV busca se instalar. Vídeos mostram suspeitos fugindo por área de vegetação no Recôncavo Baiano Redes sociais De acordo com a análise, a disputa entre as duas facções no Recôncavo reproduz comportamentos típicos de grandes capitais: alianças temporárias, rupturas violentas e uso da população local como fonte de recursos e escudo territorial. Embora o tráfico de drogas continue sendo o principal motivo do avanço das facções, Saulo Renato destaca que a região ganhou peso estratégico por outros fatores: tem rotas fluviais e rodoviárias que conectam interior, litoral e capital; abrange áreas de mata fechada, usadas para esconder acampamentos, depósitos de armas e drogas; possui estrutura policial reduzida, com efetivo e aparelhamento limitados. Ainda conforme Saulo, a geografia da região tem sido usada como vantagem estratégica pelos criminosos. Os ambientes funcionam como refúgio e permitem esconder deslocamentos, armamentos e produtos ilícitos. "Há déficit de mapeamento atualizado, ausência de equipamentos de georreferenciamento e limitações de abastecimento, como combustível, alimentação e reposição de material. É um contexto que exige planejamento técnico e cooperação interinstitucional, algo ainda pouco comum nas forças estaduais". Saulo Renato explicou que operações como a realizada nesta semana em São Félix, com cumprimento de mandados, destruição de acampamentos e apreensão de armas, têm efeito imediato, mas não estruturante. Para ele, isso não é suficiente para alteram o equilíbrio de forças entre facções, "pois não há presença contínua do Estado ou políticas sociais que reduzam a base de recrutamento do crime organizado." "Sem inteligência territorial permanente, presença comunitária e integração entre as polícias, o efeito dessas ações tende a ser efêmero. O padrão se repete: após uma operação de grande escala, há retração momentânea, seguida de retomada das atividades criminosas com novos atores locais", acrescentou. A guerra entre facções criminosas e as operações policiais impactaram diretamente a vida de moradores de São Félix, Cachoeira e Muritiba Entre os principais efeitos temporários estão: suspensão de aulas; fechamento de comércios; interrupção do transporte público; êxodo temporário de moradores em áreas sob cerco; queda na economia local. Para o pesquisador, o abalo psicológico na população inclui medo, desconfiança entre vizinhos e a sensação de abandono. "O que se instala é uma normalização da exceção, em que a presença do Estado é percebida apenas pela repressão, e não pela proteção", acrescentou. Acampamento de criminosos foi desmontado no Recôncavo Baiano Polícia Civil De acordo com o coronel Lucas Palma, comandante do comando de Policiamento do Recôncavo da Bahia, os suspeitos de integrarem facções têm usado fuzis de grande porte na disputa entre os grupos criminosos no Recôncavo da Bahia. "Eles estão utilizando fuzis 762, isso é uma coisa que leva a ação a um nível de guerra. Antes, a polícia trabalhava com revólver 38 e hoje estamos necessariamente trabalhando com fuzil, porque o crime está usando fuzil para nos atacar e atacar a sociedade", destacou o comandante. De acordo com a polícia, cerca de 200 agentes participam do cerco aos suspeitos, incluindo policiais do Grupamento Aéreo. O secretário de segurança pública da Bahia, Marcelo Werner, disse que os principais chefes das facções criminosas que atuam na Bahia estão escondidos em comunidades do Rio de Janeiro. De lá, eles dão ordens para invasões e homicídios. "É um trabalho que exige cada vez mais do nosso policiamento e da integração e investigação de inteligência para a repressão", reconheceu. Vídeos mostra troca de tiros no recôncavo baiano Relembre a operação Nove homens morreram e cinco foram presos após uma operação policial na região da barragem de "Pedra do Cavalo", em São Félix, no Recôncavo da Bahia. Segundo as polícias Civil e Militar, a ação começou para intervir na disputa entre organizações criminosas na região que abrange as cidades vizinhas de São Félix, Cachoeira e Muritiba. Na ocasião, uma facção local havia trocado tiros com um grupo rival, ligado a uma facção do Rio de Janeiro. Por meio de nota, a SSP-BA confirmou que todos os alvos, entre mortos e presos, pertencem ao mesmo grupo criminoso. Investigações apontam que se tratam de integrantes do Bonde do Maluco (BDM), a facção baiana envolvida no conflito. Até a publicação desta reportagem, as identidades dos mortos não foram divulgadas. Confira abaixo a cronologia do caso Desde o momento em que o confronto entre as facções rivais começou até a desarticulação de acampamentos utilizados pelos suspeitos em uma área de mata 11 de novembro - dia em que os confrontos tiveram início ➡️ Moradores denunciaram que havia homens armados na região da "Pedra do Cavalo", localidade na região que abrange os três municípios. Diversas trocas de tiros foram ouvidas. ➡️ As polícias Civil e Militar foram reforçar as ações de combate ao crime organizado na região. Em meio a isso, houve confronto com suspeitos, na madrugada, e um homem morreu.️ Outros cinco homens foram presos durante a ação. ➡️Ao longo do dia, a Prefeitura de Muritiba chegou a orientar que seus cidadãos não saíssem de casa por conta dos tiroteios. No comunicado, publicado no Instagram, a gestão municipal afirmou que tudo "estava sob controle", mas orientou que as pessoas ficassem em casa até a normalização completa da situação. A prefeitura também suspendeu as atividades nas unidades de saúde, escolas e repartições públicas do município. No dia seguinte, os serviços foram retomados. ➡️ Conforme informações apuradas pela TV Bahia, nas cidades de Cachoeira e São Félix, os campi da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) suspenderam as aulas. Porém, nenhum outro serviço foi afetado. 12 de novembro ➡️ Mais dois homens morreram em um novo confronto com a polícia, em uma área de mata fechada, às margens da BR-101. Segundo a Polícia Militar, os suspeitos foram baleados e levados para um hospital de Muritiba, mas não resistiram aos ferimentos. ➡️ Forças policiais também montaram um cerco contra os suspeitos e outras cinco mortes foram confirmadas. ➡️ Segundo a SSP-BA, as equipes das Polícias Militar e Civil foram atacadas pelos suspeitos. Houve revide e cinco homens foram encontrados feridos após a troca de tiros. Eles foram encaminhados a uma unidade de saúde em Muritiba, mas não resistiram. ➡️ Ainda segundo a SSP-BA, a ação levou à apreensão de mais armas, carregadores e munições. O patrulhamento segue reforçado na região por tempo indeterminado. Além disso, os policiais estão realizando revistas nos carros que chegam às cidades. 13 de novembro Sobe para 9 o n° de mortos durante operação policial contra facções na Bahia ➡️ Utilizando tecnologia para encontrar um grupo de cerca de 30 integrantes de uma facção armados, os policiais localizaram mais um criminoso em uma área de mata próximo à barragem de Pedra do Cavalo. ➡️ Conforme a SSP, na tentativa de prisão, houve confronto e um homem acabou ferido. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Com o suspeito, foram apreendidas uma pistola, carregador e munições. Com isso, subiu para nove o número de mortos. ➡️ Um vídeo divulgado pela SSP-BA mostra suspeitos armados se escondendo em São Félix. As imagens foram feitas por drones e mostram que eles entraram em uma área de mata. Nos registros, é possível ver pelo menos sete suspeitos no local, que fica próximo ao Rio Paraguaçu e a uma rodovia. ➡️ De acordo com a SSP, cerca de 30 homens foram vistos se escondendo na área. ➡️ Equipes de segurança localizaram e desarticularam acampamentos utilizados pelos suspeitos. As estruturas foram encontradas em uma área de mata fechada entre São Félix, Cachoeira e Muritiba. ➡️ Ainda segundo a pasta, o cerco continua fechado na região, visando a prisão dos criminosos envolvidos com tráficos de drogas e armas, homicídios, lavagem de dinheiro, extorsão e corrupção de menores. LEIA TAMBÉM: Prefeitura na Bahia suspende serviços públicos e recomenda que cidadãos não saiam de casa após tiroteio entre facções criminosas Três suspeitos morrem e cinco são presos após confronto de facções rivais e operação da polícia na BA Sobe para 8 o número de mortos em operação policial contra integrantes de facções criminosas no Recôncavo da Bahia Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/11/15/faccoes-rivais-travam-guerra-violenta-por-territorio-no-reconcavo-da-bahia.ghtml


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